sábado, 31 de outubro de 2009

ONG Banco de Alimentos - um projeto que está dando certo.

O ralo do desperdício e a escolha de todos nós.
por Luciana C. Quintão

Por acreditar que somos responsáveis, ou pelo menos co-criadores, por tudo que está à nossa volta, há quatro anos fundei a ONG Banco de Alimentos, com o intuito de combater o desperdício de alimentos, contribuindo para minimizar os efeitos da fome e da desnutrição.

No Brasil, há um descaso enorme em relação aos recursos, que todos sabemos ser limitados, o que se traduz em uma grande irresponsabilidade individual e coletiva. Neste país desperdiça-se tudo. Todos se lembram da questão recente da energia que fez com que muitas pessoas repensassem seu consumo necessário. Há a questão da água, das nossas riquezas naturais extraídas de uma forma exploratória em vez de auto sustentável, há a questão do dinheiro, pois pagamos os nossos impostos, os quais muitas vezes são desperdiçados, pois estes recursos não chegam ao destino certo, se perdendo pelo caminho, e há também a questão dos alimentos e, consequentemente, da fome.

Para se ter uma idéia do que é desperdiçado, podemos trazer á luz as seguintes informações: De cada 100 caixas produzidas no campo, apenas 39 chegam à mesa do consumidor; os supermercados desperdiçam 2,52% do seu faturamento, o que eqüivale por volta de 2 bilhões de reais por ano;60% do lixo da cidade de São Paulo é orgânico, isto é, restos de alimentos; E talvez, o mais ilustrativo: por dia, 39 mil toneladas de alimentos, ou seja, 39 milhões de quilos são jogados fora. Isto é o suficiente para alimentar, também diariamente, 19 milhões de pessoas com as três refeições básicas (café da manhã, almoço e jantar)!
Por outro lado, existem as estatísticas dos números da pobreza e da fome, que não estarei trazendo neste momento, por já terem sido amplamente divulgados e debatidos na imprensa nestes últimos dias.
A ONG Banco de Alimentos faz a ponte entre onde sobra e onde falta alimento. Atua recolhendo excedentes de comercialização, isto é, alimentos perfeitos para consumo que não foram vendidos tendo, o lixo como destino. Atualmente recolhemos 35 ton. de alimentos por mês, beneficiando, no mesmo período, 22.000 pessoas. Nestes anos de atividade já “salvamos do lixo” mais de 2.000.000 quilos de alimentos, destinando-os a milhares de pessoas. Como se pode ver, o conceito de Banco de Alimento não é uma novidade, e hoje já existem mais de 30 programas trabalhando de alguma forma com a questão do desperdício, destacando-se o programa Mesa São Paulo, pioneiro no Brasil da implantação da idéia de Colheita Urbana.
Voltando ao ponto da responsabilidade individual e da criação da realidade através dos nossos atos, quero dizer que toda a sociedade (política e civil) é, de alguma forma, conivente com este quadro de desperdício. Muitas pessoas tem a noção equivocada de que existe uma lei que proíbe as pessoas físicas e jurídicas de doarem alimentos. O que ocorre, na verdade, é que não existe uma lei que proteja o doador de uma possível ação civil ou criminal em caso de queixa de intoxicação. Este fato faz com que a grande maioria dos possíveis doadores prefiram jogar fora os alimentos, incinerá-los, a doá-los. Na minha opinião este fato pode explicar o fenômeno, mas não justificá-lo.
Nós, do Banco de Alimentos, tomamos a responsabilidade da doação perante o doador e nos garantimos com o receptor de alimentos, que inspecionaram todo o lote doado e atestam, por escrito, que o que estão recebendo está em condições perfeitas para o consumo, com isto demonstramos, na prática, que este tipo de atuação é possível e faz grande sentido.
Pensando na questão de legislação, em um louvável impulso, foi-se elaborado o Estatuto do Bom Samaritano, o qual foi encaminhado ao Congresso nacional em setembro de 1996, pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo em parceria com o Serviço Social do Comércio, com a “intenção da criação de uma legislação específica que criasse condições mais favoráveis para o combate à fome”. Basicamente, o que este projeto de lei prevê é que o doador de boa fé seja eximido de qualquer responsabilidade civil ou criminal, na certeza de que a adesão aos programas de combate à fome seria muito facilitada caso houvesse uma garantia de imputabilidade da pessoa física ou jurídica que doasse alimentos à parcela mais necessitada da população, o que é indiscutível.
Olhando para os números do desperdício, percebe-se que sem gastar um centavo a mais sequer na produção, poderíamos estar em um outro patamar de desenvolvimento econômico.Proponho, que se crie uma consciência e que se faça um movimento, tomando em consideração às questões aqui levantadas, referentes à responsabilidade em relação ao desperdício de alimentos, à fome e à Lei do Bom Samaritano, que está, infelizmente, tramitando no Congresso Nacional desde 1996, ano de seu envio.... Enquanto as leis desestimularem o auxílio ao próximo se tornará cada vez mais trabalhoso e oneroso o processo de desenvolvimento social.

Luciana Chinaglia Quintão é economista com formação antroposófica, fundadora e presidenta da ONG Banco de Alimentos, agraciada em 2002 com o Prêmio Entidade de Destaque pelo PNBE.

Saiba mais: http://www.bancodealimentos.org.br/

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alguém bate à porta... ExpoFrancisco! Em Breve!

Pra começar...

Um pouquinho sobre o artista.

Nascido em 04 de abril de 1952, filho caçula de Waldir e Maria, Francisco Eugênio Costa de Paula é um artista que vive uma inquietude constante. Em 68, ainda adolescente, iniciou sua carreira como desenhista técnico no escritório do engenheiro Armando Favato (projetista do belo Cine Excelsior!) em Juiz de Fora. Paralelamente à Faculdade de Desenho e Plástica se aprofundou no ramo da arquitetura projetando diversas casas, enquanto estagiava no escritório de engenharia Casabella. Mas logo foi impulsionado para as artes plásticas e em 1974 fez sua primeira individual no Salão Nobre da Reitoria. Até 1980 Francisco "expressou suas questões" nas artes plásticas. Em seguida, se aventurou como empreendedor do design, abrindo uma fábrica de objetos em madeira e acrílico. Depois, se dedicou a fazer Projetos de Interior e de Móveis. Mais tarde, como designer gráfico, entrou na área da publicidade e mais uma vez empreendeu, abrindo uma Agência de Propaganda. Daí, passeou por outros caminhos inusitados... Agora, voltou a dedicar-se ao design de objetos, de móveis e ao design gráfico, mais uma vez como empreendedor de seu próprio negócio.




Que Deus ilumine seu caminho e, principalmente, afague seu coração.

com amor,


míriam.